sexta-feira, 23 de março de 2012

Waldir de Luna Carneiro

        Hoje reproduzimos postagem publicada no blog de nosso colaborador Milton Kennedy, cujo propósito é prestar uma modesta homenagem a grande contador de histórias: Waldir de Luna Carneiro.


         "Esta é uma das seções do blog que aprecio muito fazer: retratar em desenhos personalidades conhecidas de Alfenas. E hoje o homenageado é o escritor, jornalista, leitor voraz e eterno apaixonado por teatro, Waldir de Luna Carneiro, que com mais de 60 anos dedicado à dramaturgia, possui dezenas de peças escritas e outras tantas encenadas.

Waldir de Luna Carneiro

O Sr Waldir é natural de Santa Rita do Sapucaí (07/03/1921), porém adotou Alfenas como sua casa em 1938. Quando jovem, trabalhou com arquitetura e no período que serviu a Força Expedicionária Brasileira (no Rio de Janeiro) desenhava histórias em quadrinhos satirizando os momentos difíceis do quartel.
Waldir de Luna Carneiro é um dos nomes mais homenageados do teatro mineiro. Em 2002 foi agraciado pelo Governo de Minas Gerais com a “Medalha da Inconfidência” por seus trabalhos no campo da literatura e dramaturgia; e em 2005 recebeu o título de “Doutor Honoris Causa” pela Unifenas (yeah, eu tive a honra de estar presente nesta homenagem).
Viúvo da professora Zélia Amaral Carneiro, tem sete filhos, e apesar de já ter passado um pouco dos 90 anos, continua lúcido, ativo e ainda escrevendo para teatro e jornais.

Filme O levante das saias

Curiosidade: o Sr Waldir já escreveu de tudo: comédias, dramas, contos, livros infantojuvenis e até roteiros para cinema. O filme “O levante das saias” de 1967 é de sua autoria. Este longa metragem foi todo rodado aqui em Alfenas e o tema gira em torno da revolta das mulheres em relação aos seus maridos."

Fontes de pesquisa para composição do texto:
http://jeffersondafonseca.blogspot.com
www.parceirosdolivro.com.br
www.new.divirta-se.uai.com.br

terça-feira, 13 de março de 2012

Raio devastador


Impressionante o conto verídico da Mirtes Esteves Carneiro, mas uma vez ela me fez chorar. Sei que todos gostarão muito!


Por Mirtes Esteves Carneiro com ilustrações de Milton Kennedy

Vistos atos uma tribuzana!

O número sete acompanhou a vida do casal Esteves: Silvério e Maria. Casaram-se no dia 7 de fevereiro de 1953, em Aparecida do Norte. Exatamente sete anos depois, no dia 7 de fevereiro de 1960, um grande acontecimento marcou a vida deste casal.

Silvério e Maria constituiam uma vida em comum e nesta data contavam com quatro filhos: Luiz Carlos, Miriam, Carlos Henrique e João Batista, respectivamente com 5, 4,  3 e 1 ano de idade.

Eles moravam em uma fazenda bastante distante da cidade e não havia vizinhos por perto. Era uma tarde de domingo, chuvosa, com muitos relâmpagos e raios. Silvério estava ausente, cuidando do gado. Maria tinha muito medo de tempestades, e uma tribuzana se anunciava. Reunindo seus filhos, Maria rezava junto à Nossa Senhora Aparecida, que foi presente de Silvério, quando eles se casaram. Era uma imagem de porcelana.
Silvério estava no pasto, caía uma chuva fina. De repente ele viu um raio caindo na casa e a fumaça saindo. Apavorado, desceu a galope e, ao tentar desmontar  o cavalo muito depressa, seu pé enfiou pra dentro do estribo e cutucou o cavalo que saiu andando, arrastando-o ainda com uma perna dependurada no arreio.
Aproximando-se, visualizou uma grande fumaça se levantando de dentro de seu lar. Ao entrar, viu que as crianças estavam caídas no chão, muito machucadas.
O raio deixou vestígios por dentro da casa, marcando com um sinal azulado por onde havia passado. Tijolos foram arrancados, a casa ficou quase completamente destruída. A imagem de Nossa Senhora fora projetada para fora da casa e não se quebrou, jazia abandonada ao lado de uma galinha morta, com os pintinhos duros embaixo das asas, esturricada pelo raio.
Os batentes das portas foram lançados longe, um deles atingindo a cabeça de um de seus filhos, Luiz Carlos, que sangrava muito. Carlos Henrique ficou com a metade esquerda do corpo toda queimada, em pele viva e também ‘engoliu a língua’, sendo dado por morto.
Silvério, em sua praticidade masculina disse à esposa: desista deste, vamos salvar os outros.
Mas a mãe não desiste, insiste. Consegue trazê-lo novamente à vida, abrindo sua boca que estava fortemente cerrada e puxando sua língua com uma colher.
A filha do casal, Miriam caiu de joelhos com o impacto do raio e ficou presa ao chão, sem conseguir se levantar.
O caçula, João Batista foi fortemente atingido pelos estilhaços de um espelho, que estava dentro da porta de um guarda-roupas e que fora lançada contra a parede. Seu corpo ficou todo lanhado pelos cacos do espelho.
               Maria, felizmente, nada sofreu. O casal socorria as crianças como podia, não havia vizinhos onde moravam. Silvério solicitou a Maria que fosse pedir ajuda.
          Maria atendeu, montou em seu cavalo e saiu. Mas...chegando ao alto do morro, ouvindo outro estalo, seu pensamento de mãe não a deixou ir, algo em seu coração não a deixou partir, seus filhos e seu marido estavam ali, ela foi incapaz de abandoná-los para ir buscar ajuda, pois pensou que ao voltar poderia encontrar todos mortos . Retornou então e implorou ao marido que fossem embora todos juntos. Assim fizeram, pegaram as crianças e o que foi possível e partiram em busca de ajuda, deixando para trás a casa completamente arruinada.

Na cidade, a família foi buscar ajuda médica e as crianças necessitavam de remédios. Silvério foi até a farmácia comprar os medicamentos e, como não tinha dinheiro em espécie, perguntou ao farmacêutico se poderia pagar no dia seguinte, na segunda feira, mas recebeu em resposta uma recusa. O valor da conta era de 500 cruzeiros. Então, Silvério ofereceu ao farmacêutico um cheque em garantia, no valor de toda a féria do mês, na época 12 mil cruzeiros. O farmacêutico não aceitou. Silvério ofereceu todo o dinheiro contido no cheque em troca dos remédios, também não houve acordo.
         Silvério saiu angustiado e encontrou uma turma de homens em frente ao Cine Alfenas. Pediu licença e perguntou se algum deles poderia trocar o seu cheque. Disseram a ele que estava louco, trocar um cheque naquele valor, no domingo. Silvério contou o ocorrido e o Sr. Osvaldo Orsi retirou o dinheiro do bolso e deu a ele para que pagasse os remédios. Assim, já se dirigindo à farmácia com o dinheiro no bolso, Silvério foi interpelado pelo sr. Israel, dono de uma outra farmácia, que se ofereceu para lhe ceder os remédios. No final das contas, Silvério saiu de lá com os remédios, o dinheiro e o cheque no bolso. Este episódio  marca a solidariedade de uns e a falta dela em outro. Mas, louvável esta atitude do sr. Orsi e do sr. Israel, naquele momento tão difícil. Silvério creditou sua gratidão aos amigos até o fim de seus dias, repetindo esta história aos seus, que agora a passam adiante.
          As crianças ficaram na cidade para serem tratadas, a história chocou a cidade de Alfenas. As crianças eram visitadas por muitas pessoas e se tornaram o símbolo deste milagre que Silvério e Maria atribuíram à Nossa Senhora Aparecida. Menos de um ano depois, a família fez uma viagem à Aparecida do Norte, para agradecer a proteção de Nossa Senhora.
          Quem lhes conta é a filha deste casal, Mirtes Esteves Carneiro, ainda não nascida na época deste marcante acontecimento. Esta história é um fato que meus pais relatavam e retrata as dificuldades que todos os seres humanos passam, mas com fé e perseverança, tocam em frente, sempre em frente.
          Ah, finalmente... cresci ouvindo minha mãe dizer, sempre que se aproximava uma chuva forte: vistos atos uma tribuzana! Saía tampando os espelhos, queimava palha benta e reunia todos em um mesmo cômodo da casa.


         Até hoje não consegui saber o que significa vistos atos, mas desconfio que seja: a olhos vistos . Já tribuzana encontrei o significado: termo frequentemente utilizado no sul de Minas para designar chuva forte.
               (Termo usado no sul de Minas Gerais, na área rural de Alterosa, no final do século XIX e início do século XX), em www.dicionarioinformal.com.br

domingo, 4 de março de 2012

História de milagre e fé!


Bom dia e bom domingo a todos!

Recentemente a Mirtes Esteves Carneiro postou no grupo Alfenas é coisa nossa no Facebook uma hitória que comoveu a todos que leram, estou transcrevendo para cá o causo verídico de milagre e fé, sei que todos vão gostar muito! Abraços 

Marília Cabral


História de milagre e fé na família alfenense Esteves! José Benedetti Esteves é o personagem central desta História da vida real!



Por Mirtes Carneiro                 



Em 1935, conta meu pai (Silvério Esteves) que seu irmão caçula,  José Benedetti , então com a idade de um ano e nove meses, perdeu-se, na fazenda onde moravam, e deram pelo seu sumiço às 3 horas da tarde. Uma busca foi empenhada, e ao anoitecer, ainda não tinham encontrado a criança.
Uma pequena multidão se juntara para ajudar na busca. À noite, fizeram tochas de bambu e palha de milho e prosseguiram a busca, principalmente nos córregos e proximidades da fazenda onde pudesse ter acontecido algum acidente com a criança. A mãe de meu pai (Tereza Benedetti Esteves) se encontrava ausente, na casa de sua cunhada.
Quando perceberem que não encontrariam a criança, mandaram chamá-la e às 10 horas da manhã do dia seguinte, minha avó chegou e vendo aquela multidão, quis saber o que tinha acontecido com seu filho, e, em prantos caiu de joelhos pedindo a Nossa Senhora Aparecida, da qual era muito devota, para que mostrasse seu filho, vivo ou morto.

Ao amanhecer, uma das pessoas que estavam auxiliando a busca, um tio de meu pai, foi para casa prometendo voltar mais tarde. Qual não foi sua surpresa, quando, ao passar por uma grota, distante 2 km da sede da fazenda, ouviu um choro de criança, e seguindo este choro, encontrou meu tio sentado ali, com os pés inchados, com fome, e frio, pois era uma noite de agosto, havia geado e a criança estava usando somente uma camiseta e uma alpercata. Pegando a criança, colocou em seu cavalo e levou até a fazenda.
Quando chegou com a criança, a emoção tomou conta de todos, que caíram de joelhos, rezaram a Salve Rainha, enquanto minha avó pegava a criança dos braços do seu salvador. Um retratista foi chamado para registrar este momento milagroso, e o retrato foi levado até Aparecida do Norte, onde foi deixado na sala dos milagres.

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